Skip to content Skip to footer

5 passos para uma gestão financeira saudável

Se você deseja manter as suas contas pessoais ou as finanças de sua empresa em dia, leia as dicas de Ricardo Dinapoli, Gestor Administrativo Financeiro da Editora Mundo Cristão

Permanecer com a conta bancária sempre no azul não é tarefa fácil. É preciso ter sabedoria e disciplina para controlar os gastos e evitar o risco dos juros altíssimos. Sobretudo em tempos de instabilidade no país, é fundamental estar atento para não sucumbir em meio à crise.

Para munir os nossos leitores com dicas preciosas sobre o assunto, conversamos com Ricardo Dinapoli, Gestor Administrativo Financeiro da Editora Mundo Cristão. Na entrevista, ele aponta quais são os principais vilões da saúde financeira e dá conselhos úteis para quem deseja driblar a dificuldade e ter mais tranquilidade ao lidar com o dinheiro. Tome nota!

Mundo Cristão: Qual é o principal indício de que a gestão financeira de minha empresa, casa ou de minhas contas pessoais está saudável?

Ricardo Dinapoli: No caso de finanças, “engordar faz bem”. O principal indício de que a gestão financeira está saudável é quando ocorre acumulação de dinheiro na conta corrente. Isso se aplica a qualquer lugar, seja na empresa ou na vida pessoal.

Se sua conta corrente está “engordando”, ou seja, acumulando dinheiro, significa que você está administrando bem suas finanças. Isso não significa necessariamente que você passou a ganhar mais dinheiro no seu trabalho, pode simplesmente significar que você economizou mais, gastou menos o que ganhou e soube cortar despesas, vivendo dentro do seu planejamento.

Como perceber os principais sintomas de que algo não está bem, de que algum problema financeiro está para surgir?

Se “engordar” a conta corrente é sintoma de saúde financeira, “emagrecer”, ver diminuindo o saldo, é sintoma de que algo não está indo bem, e que, provavelmente, surgirá um problema financeiro. Em tempos de crise, é natural recorrermos às poupanças do passado, para suprir a falta de dinheiro.

No entanto, se isso se tornar uma tendência, e a poupança diminuir rapidamente, com certeza, em pouco tempo, teremos que recorrer a empréstimo do banco para cobrir as contas que não serão pagas. Quando paramos de “engordar” a conta no banco, e passamos a recorrer aos empréstimos para pagar nossas dívidas, temos que ser rápidos, pois o risco disso se tornar incontrolável é enorme.

Nesse momento, é preciso reavaliar todas as despesas, e tentar fazer com que elas se encaixem dentro da nossa renda. Ou seja, despesas nunca podem superar em valor a renda. É importante cortar, o mais rápido possível, aquelas despesas que não são fundamentais.

Quais sãos os três principais inimigos das finanças? E como permanecer longe deles?

O primeiro inimigo das finanças é o crédito; o segundo, é o empréstimo; e o terceiro, o rotativo. Na verdade, falo de apenas um inimigo: “usar dinheiro dos outros”. Porque tanta ênfase nisso? Porque o “crédito-empréstimo-rotativo” é usar um dinheiro que não tenho para pagar as dívidas que tenho.

Significa que, como não tínhamos dinheiro guardado para fazer uma despesa, recorremos ao banco. Será mesmo que deveríamos ter feito essa compra, já que o dinheiro não era nosso? Minha recomendação é ficar longe do crédito. Isso significa: não use cartão de crédito, não use cheque especial, nem faça compras em prestações. Todas elas vão se acumulando e no final viram uma “bola de neve”.

O cartão de crédito,

os prazos das prestações e o cheque especial trazem a ilusão de que podemos gastar mais do que ganhamos. Como se aquele dinheiro fosse nosso. Esquecemos que vamos ter de devolvê-lo. Procure comprar tudo à vista com dinheiro ou cartão de débito. Se for usar o cartão de crédito (para ganhar pontuação), nunca o use na modalidade “rotativo”. Não menospreze o poder dos “juros”. O crédito também é um produto que se compra, o qual é pago com dinheiro na forma de juros.

Porém, não sejamos radicais. Sabemos que “grandes compras”, como imóveis, reformas, construções, automóveis, não são fáceis de comprar à vista. Em geral, esses empréstimos são com taxas de juros mais baixas e de longo prazo para pagamento.

Nesses casos,

pegue o empréstimo, mas antes estude bem o valor das parcelas e qual a taxa de juros. Avalie se encaixarão dentro da sua renda mensal. De qualquer forma, lembre-se de que, até quitar o empréstimo, a sua renda mensal sofreu um corte, “agora você ganha menos, seu salário diminuiu”.

O mesmo se aplica às empresas, que muitas vezes precisam de crédito para comprar uma máquina ou produzir um produto. Antes de contrair o crédito, veja se o fluxo de caixa suporta as parcelas do empréstimo.

Principalmente em tempos de crise e desemprego, muitos recorrem às compras parceladas, ao cheque especial e aos empréstimos. Sem saída, ficam reféns das dívidas. O que aconselharia a essas pessoas?

Essa é uma triste realidade, a recessão reduz a renda e a inflação devora o resto que sobrou. Nem sempre conseguiremos manter os pagamentos com o nosso próprio dinheiro, ainda mais em situação de desemprego.

Nesse caso, é inevitável recorrer aos empréstimos ou a algum tipo de crédito. Alguns conselhos para isso não virar um problema futuro:

Primeiro,

reavalie todas as suas despesas e mantenha só as que são fundamentais para sua vida, sobrevivência. Se você pode viver sem ler um jornal, corte a assinatura do jornal.

Porém, com certeza, não poderá viver sem comer um bom prato de arroz e feijão, então, as compras dos itens básicos para alimentação devem ser mantidas.

Segundo,

se não tem dinheiro para o básico, será necessário fazer algum tipo de empréstimo, até voltar a ter renda. Porém, como já disse antes, cuidado, procure um empréstimo com juros acessíveis, justos e negociáveis.

Procure negociar os empréstimos com os maiores prazos e menos juros possíveis. Assim, terá parcelas mensais de valores baixos. Mesmo que o prazo seja de 120 meses, não se preocupe, você ganhou tempo para se reerguer. O importante é ter parcelas baixas.

Terceiro,

ao mesmo tempo que corta despesas, gastando só com o essencial, e procura um empréstimo para essas despesas, é preciso fazer algo para voltar a ter renda. É difícil falar isso em tempos de crise e desemprego, mas sempre dá para fazer alguma coisa que gere renda.

Vender um bordado, fazer lanches para vender nas empresas, trabalhar num emprego temporário ganhando menos, enfim, a ideia é não ficar parado, “melhor pingar do que secar”.

E aos gestores e empresários que por alguma razão estão enfrentando dificuldades para manter a saúde financeira de seus negócios?

Interessante que os princípios da boa gestão financeira em tempos de crise se aplicam tanto para as empresas, como para as famílias. Diria que os conselhos são bem parecidos. Vamos a eles:

Primeiro,

corte as despesas fixas, sem comprometer a operação. Corte primeiro as despesas que não fazem parte do seu core business. Assim, não afetará sua diferenciação no mercado.

As despesas fixas que sobrarem, procure torná-las em despesas variáveis, dando preferência à terceirização. Dessa forma, o gestor diminui o impacto de manter despesas sem ter receitas.

procure torná-las em despesas variáveis, dando preferência à terceirização. Dessa forma, o gestor diminui o impacto de manter despesas sem ter receitas.

Se não for possível terceirizar uma operação ou torná-la variável, tente utilizar ao máximo os recursos das tecnologias existentes. Lembre-se de que a tecnologia pode ser uma nova colaboradora contratada a baixo custo para sua empresa.

Segundo,

procure capitalizar sua empresa com empréstimo de juros baixos e de longo prazo. Não espere muito para fazer esse empréstimo. Se o seu fluxo de caixa já adverte que sua empresa terá necessidade de capital de giro no futuro, corra para solicitar o empréstimo, pois as instituições financeiras fazem reavaliações constantes da situação de sua empresa, e se a crise perdurar, elas irão tirar o seu crédito.

Terceiro,

busque novos canais para vender. Não deixe de produzir, mesmo que o ritmo seja menor, caso contrário, sua empresa poderá se tornar desnecessária ao seu cliente. Mantenha a produção e busque outros pontos de vendas. É sempre possível encontrar oportunidades no meio da crise.

Como já diria um ditado conhecido “nas crises há os que choram e os que vendem lenços”. Portanto, é possível encontrar oportunidades de receita na crise. Produtos novos, com apelos diferenciados, podem atingir um público que estava esquecido. Nesse cenário, o brainstorming da equipe criativa de gestores é fundamental. A criatividade aplicada a novos produtos pode surpreender uma empresa em crise.

Em sua opinião, quais seriam os 3 passos para uma gestão financeira saudável?

Primeiro passo:

Recorrer à Matemática. Gastar menos do que ganha. O problema não é o que ganhamos, mas, sim, o que gastamos. Se as despesas mensais são maiores do que a receita, o resultado é dívida. Se as despesas são iguais à receita, o resultado é equilíbrio.

Se as despesas são menores que as receitas, o resultado é poupança. O mais indicado é viver sempre um degrau abaixo do seu padrão de vida possível, isso cria poupança, muito útil para os dias de crise.

Segundo passo:

Submeter-se ao planejamento. Fazer um orçamento pessoal, colocando previamente num papel o que ganhará, subtraindo todo os gastos que terá (liste não apenas as contas de água, luz, telefone, celular etc., mas, também, as despesas com supermercado, vestuário, alimentação, medicamentos e lazer).

Fundamental, no entanto, é submeter-se a esse plano todos os dias, a cada ação e a cada despesa. Se uma compra não está no orçamento, deve ser avaliada e discutida (nem que a discussão seja consigo mesmo). Controlar gastos é chato, mais a vantagem é que o controle realiza sonhos e mantém nossa vida em paz.

Terceiro passo:

Assumir a responsabilidade. Não fuja do confronto com os gastos e da realidade de que é preciso fazer cortes. Por mais que tentemos, o fato de não sabermos o que acontece, não muda o acontecimento em si.

O dinheiro sairá da conta, com ou sem a nossa percepção. O fator tempo com o dinheiro é importantíssimo. Não entender rapidamente o que está acontecendo com nossas finanças só aumentará o problema. Olhar todos os dias a sua conta corrente cria uma consciência de que o dinheiro tem limites e nos ajuda a ficarmos atentos.

Uma mensagem aos leitores

Finanças é muito mais uma questão de disciplina, do que de quanto ganhamos. Podemos ganhar pouco, mas se soubermos administrar esse pouco, segurar nossos gastos e procurar cortar despesas; acredite, esse “pouco” será suficiente para uma vida tranquila e de paz. 

Ricardo Dinapoli
Gestor Administrativo Financeiro da Editora Mundo Cristão

Você também vai gostar de ler!
Obras nacionais e o fomento do pensamento cristão brasileiro

Como é o processo de criação de capas de livros?

Dicas para freelancers e profissionais que trabalham em home-office

Deixe um comentário

Inscreva-se em nossa newsletter e receba informações sobre nossos lançamentos!